sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Cooperativismo agrícola: pode ser o caminho para pequenos agricultores



Por Leila Cunha

A cada dia mais o cooperativismo vem ganhando força no Brasil. Os diversos segmentos econômicos que encamparam o sistema, entre eles o da agricultura vem se deslanchando gradativamente e aos poucos ganhando forças.
Em Rondônia, embora o cooperativismo agrícola em Rondônia ainda esteja engatinhando, este o caminho para melhoria da produção e do preço de milhares de pequenos produtores no estado, principalmente os cafeicultores que amargam os baixos preços nestes últimos anos que se organizados em cooperativas poderiam no mínimo amenizar este impacto pelas vantagens exercidas pela entidade.
Uma delas é quanto ao preço conseguido. Se o agricultor fosse vender o produto isoladamente, teria pequeno poder de negociação, enquanto que, a cooperativa, juntando os produtos de vários agricultores, ampliando o poder de negociação. “Dois fatores básicos contribuem diretamente para isso: o volume de produtos para negociação e o conhecimento de mercado que muitas vezes o agricultor não consegue obter de forma isolada”, explica o Tecnólogo de Gestão de cooperativas, Rudmar Tietz. Mesmo tendo a cotação ligada ao mercado de valores, argumenta ele, a cooperativa, tem como buscar também em conjunto com outras federadas do mesmo segmento uma imposição mais forte.
Outra facilidade das cooperativas está na obtenção de linhas de créditos. A entidade cooperativista trabalha com informações estratégicas, o que facilita a captação de recursos, inclusive com subsídios do governo e prazos maiores. A irrigação das lavouras de café, por exemplo, já está provado que aumenta o percentual de produção em até 40%, mas as dificuldade de acesso ao crédito limitam a sua implementação. Diante disso, as pequenas cafeiculturas irrigadas no estado não chegam a 20% da sua totalidade.

Novas oportunidades: novas economias: geração de renda
Junto com estes benefícios, mais um nicho de mercado vem sendo ampliado: trata-se da industrialização dos produtos agrícolas pelas cooperativas. Grande parte destas entidades antes restritas a comercialização, passaram também a industrializar, aumentando o valor agregado dos produtos. “A grande vantagem deste mercado industrializado é sua contribuição para o desenvolvimento econômico regional, pela geração de emprego e aumento da renda per capita da sua população”, evidenciou.
Entretanto apesar de já ter sido comprovado o sucesso desta modalidade de sociedade, a maior barreira, ainda na opinião de Rudimar está na dificuldade do próprio agricultor aderir ao sistema. “O agricultor tem receio de aderir a entidade cooperativa, por ver nela uma forma de sociedade de negócio de risco, porque ele vai entregar sua produção a direção da cooperativa para ela negociar por ele”, explica o empresário. O importante, acrescenta ele, é que os agricultores procurem formar suas cooperativas, ou aderirem-se a uma já existente, quando formada por pessoas enraizadas e de credibilidade na cidade. Ele lembra também ser indispensável a participação ativa de todos nas reuniões, cursos, assembléias e decisões, desta forma, ficar a par de todas as negociações e movimentações financeiras da entidade. “Meu maior sonho é que o agricultor em geral e os presidentes de associações se unam em torno desta idéia, e a cooperativa rural se torne realidade”, evidenciou.

O cooperativismo e o agronegócio no Brasil

O agronegócio é responsável por 33% do PIB nacional, 37% de todos os empregos e pela quase totalidade do superávit na balança comercial, o cooperativismo ainda está voltado para o mercado interno, com algumas exceções. As 1.519 cooperativas do setor agropecuário congregam 940 mil agricultores associados, ou seja, 20% do total estimado de agricultores brasileiros (4,7 milhões de propriedades). Em dezembro de 2003, a participação das cooperativas agrícolas brasileiras na produção agrícola da soja, principal commodity de exportação da área, era de 29,4%. Com relação à capacidade estática de armazenagem da produção agrícola, as cooperativas comportam 23,6% das 89,5 milhões de toneladas Além disso, a distribuição geográfica é irregular. As cooperativistas concentram-se nas Regiões Sul (29%) e Sudeste (55%). No Nordeste, há 8% do total de cooperativas. A Região Centro-Oeste, onde o agronegócio apresenta alto índice de desenvolvimento, participa com apenas 6% deste total, sendo seguida pela Região Norte, com 2%.
Como todo segmento, o cooperativismo, mesmo no agronegócio, ainda sofre com a dificuldade de acesso ao sistema financeiro e ao crédito. Além disso, a gestão, de uma forma geral, ainda não é profissionalizada na dimensão necessária. Por isso, novas formas de fortalecer a capacidade de organização da produção do setor agrícola e de incentivo ao associativismo estão em gestação. O Ministério da Agricultura, por exemplo, elaborou o Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop) e industrialização de matéria-prima administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e permite a captação de recursos a taxas e prazos mais vantajosos. Fonte: Ministério da Agricultura.

Afinal, o que são cooperativas agrícolas?

São entidades agrícolas formadas por agricultores ou microempresários agrícolas com o mesmo objetivo. Alguns apenas para de entregam dos seus produtos para venda, e após vendidos os produtos eles recebem o valor da sua venda em função do preço e volume.As cooperativas agrícolas desempenham um importante papel socioeconômico. No meio rural, o cooperativismo tem a seu favor também a capacidade de organização da produção (originação). Articuladas em núcleos, as cooperativas formam lotes de produtos para armazenamento, processamento e distribuição, conseguem melhores preços e reduzem os custos.

Matéria publicada na 4ª edição impressa do Correio de Rondônia.

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